Conexões. Como nunca, elas estão determinando a real dimensão de quem são pessoas e empresas. Substancialmente, a principal razão para tamanha importância das conexões que são estabelecidas vem de um dos seus significados: “relações de dependência”.
Pois bem, desde sempre se soube que ter os relacionamentos certos proporciona horizontes maiores, pois, fundamentalmente, pessoas que contam com alto grau de influência e respeito nos ajudam a chegar aonde queremos de forma mais rápida. Mais do que isso, ter seu nome ou marca endossado por alguém que seja formador de opinião em determinado ambiente ou segmento adiciona um valor de alta relevância.
Os últimos tempos, contudo, trouxeram um pano de fundo de elevado nível de exposição em virtude do arsenal de comunicação existente, potencializado pela velocidade de propagação das informações via mundo digital.
Paralelamente, especialmente no âmbito empresarial, cresceu assustadoramente – e para o bem – a noção de extensão de território de responsabilidade. Hoje, uma empresa deve ter uma perspectiva muito maior do que o limite dos seus escritórios e fábricas.
Conforme rezam as melhores práticas de sustentabilidade, uma análise detalhada dos fornecedores que estão conectados à empresa é mandatória, observando-se aspectos que atestem o seu comportamento ético como a não utilização de mão de obra infantil ou escrava, o recolhimento adequado de impostos e o respeito ao meio ambiente.
Essa visão ampliada do ecossistema da empresa é tão presente que esses critérios são minuciosamente contemplados para definição de fornecedores pelas organizações que já perceberam que essas premissas contribuem para reduzir os riscos a que estão expostas, entre eles o de imagem, cujos efeitos podem ser avassaladores. Para auxiliá-las nesse processo, chegam a contratar empresas de auditoria e consultoria para verificar in loco se seus fornecedores de fato estão em dia com os modelos adequados de atuação para qualquer empresa atualmente.
Alta tecnologia e baixa empregabilidade
Da mesma forma, é comum observar as pessoas se traírem nas redes sociais ao associarem seus nomes a comunidades que revelam sentimentos e comportamentos indesejáveis como as que demonstram qualquer tipo de preconceito.
Como se pode supor, os efeitos são extremamente danosos pelo fato de que, além de revelar fraquezas sobre a integridade e seriedade dos membros desses cybers grupos, acabam se tornando fonte rica no processo de seleção das empresas que estão atentas à vida de postulantes aos seus quadros profissionais. Ou seja, ter o nome conectado a ambientes virtuais como esse é uma fonte inesgotável de obstáculos ao desenvolvimento profissional de qualquer pessoa no mundo real.
Até bem pouco tempo, na Era Analógica, era comum ouvirmos dos profissionais de Recursos Humanos que as pessoas eram contratadas pelas competências técnicas e demitidas pela falta de competências comportamentais, que eram conhecidas apenas no dia a dia do profissional na empresa. Passaram, então, a aplicar sofisticadas metodologias de avaliação para tentar apurar se os perfis de seus candidatos correspondiam à cultura e ao conjunto de competências desejadas. Hoje, além disso, bastam alguns cliques para conhecer o universo a que um candidato está conectado, bem como saber se a pessoa que entrevistaram é a mesma que se expressa no ambiente virtual.
De olho nas laranjas
A Era Digital deu contornos de extrema gravidade às crises que ameaçam frontalmente a imagem das empresas pela velocidade de disseminação de informações relacionadas a eventuais falhas operacionais ou que envolvam valores sociais consagrados, como a ética.
Um dos pontos que têm chamado a atenção é que em muitas vezes a exposição negativa das empresas surge por erros técnicos ou éticos de seus fornecedores. Em razão de segundos o acontecimento ganha espaço nas redes sociais e nos meios de comunicação em geral, provocando fortes danos à imagem da empresa contratante daqueles serviços.
Enfim, fica claro que hoje, mais do que nunca, saber a quem estamos conectados é vital porque, como sempre disseram nossas avós, “basta uma laranja podre para estragar todas as outras ao seu redor”. Nada mais atual.